O Brasil
abriga uma diversidade de espécies de plantas, incluindo
as Myrtaceae (goiabeira, guabirobeira, etc.), que abrigam
inúmeras espécies de insetos, que aparentemente
sobrevivem nestes hospedeiros sem apresentarem surtos populacionais.
Junto ao incremento da eucaliptocultura, no território
nacional, tem-se observado o crescente número de espécies
nativas de insetos que vêm se adaptando ao eucalipto,
tais como: Eupseudosoma aberrans e E. involuta (Lep.: Arctiidae),
Automerix spp. (Lep.: Saturniidae), Sabulodes caberata e Thyrinteina
arnobia (Lep.: Geometridae), entre outras ordens de insetos.
Alguns outores salientam que essas espécies de insetos
vivem em hospedeiros filogeneticamente próximos dessa
essência e são capazes de causar danos consideráveis
em reflorestamentos e, os mesmos relatam que mais de 177 espŽcies
de insetos indígenas tem atacado plantios de eucaliptos
no Brasil. Então, se estes insetos vieram de plantas
nativas, por que ocorre surto em eucalipto, e não em
seus hospedeiros de origem, como a goiabeira? As plantas se
defendem do ataque de herbívoros através de
barreiras físicas e químicas, juntamente com
a ação de inimigos naturais, mas isto pode variar
de uma espécie de planta para outra, o que justifica
o fato de determinadas espécies de plantas serem mais
suscetíveis a surtos de insetos do que outras. De maneira
geral, as plantas apresentam compostos ou substâncias
que podem afetar a biologia, o desenvolvimento e a reprodução
dos insetos. Estes compostos caracterizam seu sistema de barreira
química constitutiva, uma vez que são encontrados
naturalmente nelas. Outros compostos são produzidos
somente após a planta ter sofrido ataque (barreira
química induzida), além de diversas estruturas
encontradas em determinadas partes da planta, como espinhos,
pêlos e tecidos rígidos, que evoluiram como meio
de defesa contra insetos herbívoros (barreira física).
Outra resposta poderia ser a eficácia de inimigos naturais,
que pode estar variando de uma espécie de planta para
outra, pois estes nessecitam, além de presas e hospedeiro,
de certas condições para acasalamento, espécies
de plantas artenativas para alimento (pólen e néctar
de flores), bem como reconhecimento de odores liberados pela
própria planta e/ou pelos próprios insetos herbívoros.
Estas alternativas (e outras ainda não pensadas), apesar
de especulativas, podem responder o "por que" da "magnifica
adaptação" destes insetos em eucalipto e a não
ocorrência em surtos em seus hospedeiros de origem.
LITERATURA RECOMENDADA
Agrawal, A. A. 1998. Induced responses to herbivory
and increased plant performance. Ð Science 279: 1201-1202.
Bernays, E. A. & Chapman, R. G. 1994. Host-plant selection
by phytophagous insects. Chapman & Hall, New York.
Berryman, A. A. 1996. What causes population cycles
of forest Lepidoptera: Trends Ecol. Evol.. 11:28-32.
Sabelis, M. W., Janssen, A., Pallini, A., Venzon, M., Bruin,
J., Drukker, B. & Scutareanu, P. 1999. In A. Agrawal,
S. Tuzun, E. Bent (Eds): Induced plant defenses against pathogens
and herbivores. Am. Phytopath. Soc. Pp 269-296.
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