Por que estudar
insetos sociais?
- As formigas
cortadeiras (Atta ssp.) são os principais herbívoros
nos Neotrópicos
- As formigas
granívoras no deserto do sudoeste dos Estados Unidos
pegam tantas sementes quanto os mamíferos
- Os cupins
revolvem o solo tanto ou mais que as minhocas em muitas regiões
- A dominância
numérica de insetos sociais pode ser surpreendente: no
Japão, uma supercolônia de Formica yessensis foi
estimada em 306 milhões de operárias e mais de
um milhão de rainhas dispersas sobre 2,7 km2 em 45 000
ninhos interconectados
- Nas savanas,
no oeste da África, densidades acima de 20 milhões
de formigas por hectare têm sido estimadas, e uma única
colônia nômade de formigas legionárias (Dorylus
sp.) pode chegar a 20 milhões de operárias
- O valor
estimado das abelhas na produção comercial de
mel, assim como na polinização da agricultura
e horticultura, gira em torno de centenas de milhões
de doláres por ano somente nos Estados Unidos. Os insetos
sociais certamente afetam nossa vida.
|
O
que são insetos sociais?
- Todos os
insetos que interagem de alguma forma com membros de suas espécies
- Insetos solitários
não apresentam comportamentos sociais
- Insetos subsociais
("abaixo do social"), os quais têm hábitos
sociais menos desenvolvidos, sem extensa cooperação
e divisão de reprodução
- Insetos eusociais
("verdadeiramente sociais"), os quais cooperam na reprodução
e têm divisão de esforço reprodutivo
- Divisão
de trabalho, com um sistema de castas envolvendo indivíduos
estéreis auxiliando àqueles que reproduzem.
- Cooperação
de todos os membros da colônia para cuidar dos jovens.
- Sobreposição
de gerações capazes de contribuir para o funcionamento
da colônia.
|
Subsocialidade
em insetos
- Agregação
- aposematismo
- Cuidado parental
- Dificilmente
há insetos que não demonstram nenhum cuidado parental
- Cuidado parental
sem construção de ninhos - principalmente cuidados
com ovos e primeiros estádios. Papel predominantemente
feminino, mas há exceções (Hemiptera, baratas
dágua). Há casos em que o cuidado é
feito por outras espécies (pulgões e formigas)
- Cuidado parental
com ninhos solitários - muito comum nos besouros rola-bosta.
- Nos Hymenoptera
(algumas vespas e abelhas) os ninhos podem ser feitos em cavidades
preexistentes ou podem ser construídos.
Cuidado parental com ninhos comunais - podem surgir das filhas
que escolhem nidificar no seu ninho natal, oferecendo melhor utilização
dos recursos e defesa mútua contra parasitas (isto permite
comportamento "anti-social" ou egoísta.
- Afídeos
e trips subsociais - casta de soldados estéreis, que pode
ser temporária ou permanente. Em trips muitos comportamentos
subsociais podem ocorrer, mas nunca há a ocorrência
de tudo que caracteriza a eusocialidade.
- Quasi e semisocialidade
- todas as fêmeas de todos os insetos subsociais podem reproduzir
(com exceção dos afídeos subsociais acima),
mas há variações na fecundidade ou na divisão
reprodutiva de trabalho nos Hymenoptera.
- Comportamento
quasisocial - um ninho comunal consiste de membros da mesma
geração, todos os quais assistem no cuidado à
prole, e todas as fêmeas são capazes de por ovos,
mesmo se não for necessariamente ao mesmo tempo
- Comportamento
semisocial - o ninho comunal contém similarmente membros
de uma mesma geração cooperando no cuidado à
prole, mas existe uma divisão de trabalho reprodutivo,
com algumas fêmeas (rainhas) pondo ovos enquanto suas irmãs
atuam como operárias e raramente põem ovos. Isto
difere da eusocialidade apenas porque as operárias são
irmãs da rainha que põe ovos, e não filhas,
como no caso da eusocialidade.
- Qualquer
ou todos os comportamentos subsociais discutidos acima podem ser
evolutivamente precursores da eusocialidade.
|
Eusocialidade
em insetos
- Insetos eusociais
têm uma divisão de trabalho em suas colônias,
com um sistema de castas compreendendo um grupo reprodutivo restrito
de uma ou mais rainhas, ajudadas pelas operárias (indivíduos
estéreis que cuidam das reprodutoras) e, em cupins e em
muitas formigas, um grupo adicional de soldados para defesa. Pode
existir uma divisão em subcastas que fazem tarefas específicas.
Os membros de algumas castas mais especializadas, como rainhas
e soldados, podem não ter a habilidade de alimentar a si
próprios. As tarefas das operárias, no entanto,
incluem trazer alimento para estes indivíduos, assim como
para os jovens - para desenvolver os filhos.
- A diferenciação
primária é entre fêmeas e machos. Em Hymenoptera
eusociais, os quais são haplodiplóides na determinação
do sexo, as rainhas controlam os sexos de seus filhos. A liberação
esperma guardado fertiliza ovos haplóides, os quais desenvolvem
em fêmeas diplóides, enquanto ovos não fertilizados
produzem machos. Na maior parte do ano, as fêmeas reprodutivas
(rainhas) são raras quando comparadas com fêmeas
operárias estéreis. Os machos não formam
castas e podem ser infreqüentes e viver pouco, morrendo logo
após o acasalamento. Em cupins (Isoptera), machos e fêmeas
podem ser igualmente representados, com ambos os sexos contribuindo
para a casta operária. Um único cupim macho, o rei,
pode permanentemente se ligar à rainha.
- Os membros
de diferentes castas, se derivados de um único casal de
pais, são muito próximos geneticamente e podem ser
morfologicamente similares ou, como resultado de influência
do ambiente, podem ser morfologicamente muito diferentes (polimórficos).
Indivíduos dentro uma casta (ou subcasta) freqüentemente
diferem comportamentalmente, no que é chamado polietismo
de casta: ou o indivíduo faz diferentes tarefas em tempos
diferentes em sua vida (polietismo etário), ou indivíduos
dentro de uma casta especializam-se em certas tarefas durante
suas vidas.
- Monoginia
e poliginia - presença de uma ou mais rainhas na colônia
- Monoginia
primária ou secundária
- Poliginia
funcional ou serial
- Determinação
de castas
- Quais são
as castas?
- Machos
- Rainha(s)
- Operárias(os)
- Soldados
- Machos ergatóides
(neotênicos)
- Fêmeas
ergatóides
- Pseudoergatóides
("trabalho infantil")
- Machos e
fêmeas - haplodiploidia dos Hymenoptera
- Fêmeas
- determinação genética ou trófica?
- Inibição
pela rainha
- Nutrição
da larva
- Mudanças
climáticas
- Fisiologia
do ovo
|
Evolução
da eusocialidade
- Qual a vantagem
de ser estéril?
- Darwin já
tinha problemas em explicar isso.
- Seleção
de grupo - uma colônia eficiente com uma divisão
de trabalho reprodutivo sobreviverá e produzirá
mais gerações comparada com uma na qual o interesse
individual prevalece, conduzindo para a anarquia.
- Seleção
de parentesco - haplodiploidia aumentando o parentesco (e os problemas?)
- Manipulação
parental - pode ser comportamental ou genética. Reduzindo
o potencial reprodutivo de algumas filhas, o fitness da mãe
seja maximizado, assegurando o sucesso reprodutivo de algumas
filhas selecionadas.
- Mutualismo
- este concebe os indivíduos agindo para aumentar o seu
próprio fitness clássico, com contribuições
para o fitness dos vizinhos surgindo apenas incidentalmente.
- E os cupins?
- Não
apresentam haplodiploidia
- Dieta rica
em celulose, com simbiontes internos
- Explica a
vida colonial, não a origem das castas
|
O
sucesso dos insetos eusociais
- Podem ter
dominância numérica e ecológica em algumas
regiões. Eles são mais abundantes em baixas latitudes
e altitudes, e suas atividades são mais conspícuas
tanto no verão em regiões temperadas (ou mesmo sub-árticas
e montanhosas), ou ao longo de todo o ano em climas subtropicais
e tropicais. Como uma generalização, os insetos
sociais mais abundantes e dominantes são os mais derivados
filogeneticamente e que possuem as organizações
sociais mais complexas.
- Três
qualidades dos insetos sociais contribuem para sua vantagem competitiva,
todas as quais derivam do sistema de castas que permite que tarefas
múltiplas sejam executadas.
- Primeiramente,
os trabalhos de forrageamento, alimentação da rainha,
cuidado à prole e manutenção da colônia
são ações que são efetuadas simultaneamente
por diferentes grupos, ao contrário da execução
seqüencial que ocorre em insetos solitários.
- A habilidade
da colônia em organizar todos os operários pode superar
dificuldades que são sérias para insetos solitários,
como a defesa contra predadores muito maiores ou muito numerosos,
ou construção de um ninho sob condições
desfavoráveis.
- A especialização
das funções associadas às castas permite
uma certa regulação homeostática, incluindo
a reserva de alimento em algumas castas (como as formigas de mel)
ou nas larvas em desenvolvimento, e o controle comportamental
da temperatura e outras condições microclimáticas
dentro do ninho.
|
|