B. A luta
continua: como inimigos naturais suplantam defesas da presa?
Para
suplantar sistemas de defesa tão sofisticados, os inimigos naturais
usam de duas soluções. A primeira, resultado da dinâmica
evolutiva, consiste na adaptação contínua do inimigo
natural aos mecanismo de defesa da presa. A segunda solução,
muito comum em pássaros, consiste em aprender distinguir sinais
que indicam a presença da presa.
- Soluções
adaptativas
Certos
predadores apresentam modificações morfológicas
e fisiológicas que os permitem se alimentar de presas cujas defesas
são relativamente complicadas. Por exemplo, tamanduás
e tatus se alimentam de cupins de montículo. Isto só é
possível por que tamanduás e tatus apresentam adaptações
morfológicas (garras fortes) para romper as paredes dos ninhos
e adaptações morfo-fisiológicas que os permitem
resistir a mordidas e/ou substâncias tóxicas excretadas
pelos soldados dos cupins.
Um
outro exemplo de adaptações de inimigos naturais a defesas
da presa, como resultado de pressão seletiva, são as maneiras
pelas quais parasitóides suplantam a resposta imune das presas:
- Ectoparasitoidismo:
depositar ovos sobre a presa, ao invés de colocá-los
dentro do corpo desta, é uma maneira efetiva de evitar o contato
dos ovos do parasitóide com o aparato fisiológico da
presa. Assim, não há resposta imune.
- Atacar
ovos é uma outra solução, já que ovos
não apresentam resposta imune.
- ocupação
temporária de órgãos sem resposta imune
- mimetismo
molecular: parasitóides podem recobrir seus ovos com uma camada
proteica que é muito parecida com as proteínas da presa.
Assim, o sistema imune da presa não identifica aqueles ovos
como um corpo estranho e, portanto, não há resposta
imune.
- auto-encapsulação:
o parasitóide pode constuir uma cápsula envolvendo seus
ovos, de modo que a resposta imune da presa não os destrua.
- destruição
da capsula: o larva do parasitóide, ao nascer dentro de uma
encapsulação feita pela presa, alimenta-se desta cápsula,
e ganha acesso ao resto do corpo da presa.
- supressão
da resposta imune: o parasitóide injeta vírus junto
com os seus ovos, dentro do corpo da presa. O sistema imune se ocupa
dos vírus e a resposta imune ao parasitóide é
minimizada.
- Aprendizado
Vários
predadores aprendem a distinguir sinais que indicam a presença
da presa. Este aprendizado pode ocorrer via tentativa-e-erro, mas alguns
autores sustentam que muitos predadores (incluindo insetos) são
capazes de memorizar padrões básicos e processá-los
incluindo informações do ambiente quando necessário.
Em outras palavras, admite-se a existência de processos básicos
de raciocínio, como sendo uma estratégia mais efetiva
do que memorizar uma longa lista de formatos de presas e situações
em que estas poderiam ser encontradas. Isto parece ser crucial em ambientes
complexos, como florestas tropicais, onde a quantidade de presas potenciais
é variadíssima, e o ambiente apresenta uma estrutura
extremaente heterogênea.
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