B. A luta continua: como inimigos naturais suplantam defesas da presa?

Para suplantar sistemas de defesa tão sofisticados, os inimigos naturais usam de duas soluções. A primeira, resultado da dinâmica evolutiva, consiste na adaptação contínua do inimigo natural aos mecanismo de defesa da presa. A segunda solução, muito comum em pássaros, consiste em aprender distinguir sinais que indicam a presença da presa.

  1. Soluções adaptativas
  2. Certos predadores apresentam modificações morfológicas e fisiológicas que os permitem se alimentar de presas cujas defesas são relativamente complicadas. Por exemplo, tamanduás e tatus se alimentam de cupins de montículo. Isto só é possível por que tamanduás e tatus apresentam adaptações morfológicas (garras fortes) para romper as paredes dos ninhos e adaptações morfo-fisiológicas que os permitem resistir a mordidas e/ou substâncias tóxicas excretadas pelos soldados dos cupins.

    Um outro exemplo de adaptações de inimigos naturais a defesas da presa, como resultado de pressão seletiva, são as maneiras pelas quais parasitóides suplantam a resposta imune das presas:

    1. Ectoparasitoidismo: depositar ovos sobre a presa, ao invés de colocá-los dentro do corpo desta, é uma maneira efetiva de evitar o contato dos ovos do parasitóide com o aparato fisiológico da presa. Assim, não há resposta imune.
    2. Atacar ovos é uma outra solução, já que ovos não apresentam resposta imune.
    3. ocupação temporária de órgãos sem resposta imune
    4. mimetismo molecular: parasitóides podem recobrir seus ovos com uma camada proteica que é muito parecida com as proteínas da presa. Assim, o sistema imune da presa não identifica aqueles ovos como um corpo estranho e, portanto, não há resposta imune.
    5. auto-encapsulação: o parasitóide pode constuir uma cápsula envolvendo seus ovos, de modo que a resposta imune da presa não os destrua.
    6. destruição da capsula: o larva do parasitóide, ao nascer dentro de uma encapsulação feita pela presa, alimenta-se desta cápsula, e ganha acesso ao resto do corpo da presa.
    7. supressão da resposta imune: o parasitóide injeta vírus junto com os seus ovos, dentro do corpo da presa. O sistema imune se ocupa dos vírus e a resposta imune ao parasitóide é minimizada.

  3. Aprendizado
  4. Vários predadores aprendem a distinguir sinais que indicam a presença da presa. Este aprendizado pode ocorrer via tentativa-e-erro, mas alguns autores sustentam que muitos predadores (incluindo insetos) são capazes de memorizar padrões básicos e processá-los incluindo informações do ambiente quando necessário. Em outras palavras, admite-se a existência de processos básicos de raciocínio, como sendo uma estratégia mais efetiva do que memorizar uma longa lista de formatos de presas e situações em que estas poderiam ser encontradas. Isto parece ser crucial em ambientes complexos, como florestas tropicais, onde a quantidade de presas potenciais é variadíssima, e o ambiente apresenta uma estrutura extremaente heterogênea.


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