C. Suplantar as defesas da presas implica em conseguir extinguí-la?

Mesmo que o inimigo natural consiga suplantar todas as defesas da presa, ele pode não ser capaz de eliminar a população da presa. Isto acontece especialmente quando a presa reproduz numa taxa mais alta do que a velocidade com que o inimigo natural consegue capturar e se alimentar dos indivíduos componentes da população da presa. Isto é, para completar todo o processo de forrageamento, o inimigo natural deve passar por três fases distintas, que demandam tempo e energia:

  1. inicialmente é necessário procurar a presa

  2. uma vez localizada, o inimigo natural inicia a perseguição da presa

  3. após capturar a presa, é necessário dominá-la.

Somente após completar todo este processo, o inimigo natural poderá proceder a um novo ataque. Durante este período, as demais presas estão livres da pressão por parte daquele inimigo natural. Se há um número de presas suficientemente alto para manter o predador sempre ocupado, algumas presas escapam ilesas e podem contribuir para a manutenção da população.

Graficamente, o processo de forrageamento descrito acima pode ser resumido pelo diagrama abaixo:

Neste diagrama, o forrageamento do inimigo natural é decomposto em suas três fases: procura, perseguição, e domínio. O tempo ou a energia gastos para completar todo o processo é dividido entre estas três fases, em proporções que variam de acordo com a estratégia de forrageamento do inimigo natural. Assim, predadores do tipo senta-e-espera vão concentrar seus dispêndios de tempo/energia no domínio da presa, enquanto predadores do tipo procura ativa devem dividir seus esforços equitativamente entre as três fases.
Uma maneira simples de mostrar experimentalmente a existência deste fenômeno, é fornecer presas a predadores mantidos em laboratório, anotando o número de presas utilizadas por unidade de tempo. O gráfico abaixo mostra os resultados que normalmente se obtém em tais experimentos.

Este gráfico é chamado "resposta funcional" e é extremamente útil em programas de controle biológico. Uma vez determinado o número máximo de presas que um predador consegue atacar por unidade de tempo (isto é, o valor de x no qual y alcança a assintótica), é possível calcular o número de predadores necessário para controlar uma população conhecida de presas

D. Se os inimigos naturais não conseguem extinguir a presa, como funcionam os programas de controle biológico?

Como você verá na aula de Manejo Integrado de Pragas, a eliminação completa da população da praga não é objetivo dos sistemas de controle biológico. O que se busca, na verdade, é uma redução na população da praga até um nível que seja economicamente aceitável. A idéia central, então, é forçar o sistema inimigo natural-praga a atingir um equilíbrio dinâmico no qual a população da praga esteja em níveis tão baixos que não representem problema.


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